O acidente com um avião de pequeno porte em Ubatuba, no litoral de São Paulo, teve cenas de heroísmo por parte da mulher que estava dentro da aeronave. Testemunhas presentes no local relataram ao programa Fantástico, da Rede Globo, que Mireylle Fries foi fundamental para salvar da morte os dois filhos e o marido.

“Ela foi que nem uma leoa para salvar os filhos, com a força, sabe? Acho que ela estava até fora de si no meio daquela fumaça, ferida que estava, ainda. Ela conseguiu tirar uma criança, tirou a outra. E quis tirar o esposo também”, declarou Gilmar Destefano, agricultor que mora em Ubatuba

“Uma equipe de desconhecidos trabalhou junto para conseguir resgatar e tirar (do avião) essas quatro vidas”, destacou Destefano, enaltecendo também a participação de pessoas que estavam na praia de Ubatuba no momento do acidente.

O acidente aconteceu no dia 9/1. A aeronave explodiu na Praia do Cruzeiro, em Ubatuba, após ultrapassar a pista do aeroporto durante o pouso. O piloto Paulo Seghetto, 55, ficou preso às ferragens e acabou morrendo no local, enquanto os quatro passageiros foram resgatados com vida. Uma pessoa que estava no calçadão da praia sofreu ferimentos quando tentava correr.

Os quatro passageiros que estavam no avião são de uma mesma família - o casal Mireylle Fries, 41, e Bruno Almeida Souza, 48, e seus dois filhos, de 6 e 4 anos. Inicialmente, os quatro foram internados no Hospital Regional de Caraguatatuba, mas depois foram transferidos para um hospital da capital paulista. Em estado grave, Mireylle precisou passar por uma cirurgia e chegou a ser entubada, enquanto o marido e os filhos estão estáveis, porém sem previsão de alta.

Imagens de uma câmera de segurança mostraram o momento em que a aeronave passou da pista molhada em alta velocidade e acabou explodindo. Chovia na hora do ocorrido. O voo partiu do Aeroporto Municipal de Mineiros, em Goiás, de acordo com a Rede Voa, concessionária que administra o aeroporto de Ubatuba.

Fabricada em 2008 pela Cessna Aircraft, a aeronave tinha capacidade para oito pessoas. O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) recolheu os destroços para perícia como parte das investigações para apurar as causas do acidente.

No fim de 2024, outro acidente com avião de pequeno porte ocorreu no Brasil. O empresário Luiz Galeazzi, CEO da Galeazzi & Associados, e nove pessoas de sua família morreram na queda de uma aeronave em Gramado, no Rio Grande do Sul, no dia 22/12. Imagens de câmeras de segurança mostraram o momento da explosão.

O bimotor tinha decolado minutos antes de Canela e caiu sobre uma loja atingindo também uma pousada, um prédio e uma casa. Dezoito pessoas que estavam em terra precisaram de socorro médico, com queimaduras ou por inalação excessiva de fumaça. Vídeos mostram o fogo que atingiu os estabelecimentos.

Um vídeo gravado no aeroporto mostra o momento em que os passageiros caminhavam em direção ao avião para o embarque. Estavam ele, a mulher, filhos, sogra, irmã, cunhado e duas crianças.

Ironicamente, a mãe de Galeazzi, Maria Leonor, também faleceu em acidente aéreo em 2010. Na época, Maria Leonor tinha 69 anos e era a única passageira . Ela e o piloto morreram na hora.

Acidentes aéreos têm causado preocupação no Brasil. Em agosto, um avião comercial caiu em Vinhedo (SP) . Havia acúmulo de gelo nas asas da aeronave. Todos morreram: 58 passageiros e 4 tripulantes.

Meteorologistas afirmaram que havia “áreas de instabilidade” e 35% de formação de gelo nas proximidades do local onde o avião caiu. havia casas na área, mas ninguém foi atingido no solo.

O voo 2283 da Voepass, antiga Passaredo, saiu de Cascavel, no Paraná, e se manteve regular durante 1 hora e 35 minutos. Mas quando faltavam 17 minutos para o pouso em Guarulhos (SP), previsto para 13h45, o avião caiu.

A aeronave despencou 4 mil metros em um minuto, sumiu do radar e explodiu ao bater no solo. A identificação de corpos foi difícil porque estavam carbonizados.

Essa foi a maior tragédia da aviação comercial no Brasil desde o desastre que envolveu um avião da TAM em 2007. Relembre a seguir acidentes aéreos fatais que deixaram muitas vítimas no Brasil.

31/10/1996. Um Fokker 100 da TAM caiu na Rua Luís Orsini, em Jabaquara, São Paulo, causando a morte de 99 pessoas: todos os 96 passageiros e tripulantes, além de três pessoas no solo. O avião tinha saído de Caxias do Sul (RS) e ia para Recife, com escalas em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro.

Investigações mostraram que houve falha no reversor de empuxo de um dos motores, o que causou perda de velocidade e sustentação da aeronave. O laudo apontou precariedade na manutenção do equipamento. O trem de pouso entrou em uma casa (foto).

29/09/2006. Um avião da Gol que seguia de Manaus para o Rio de Janeiro com escala em Brasília, colidiu no ar com um Legacy da Embraer quando sobrevoava o Mato Grosso. O avião se despedaçou e caiu na Serra do Cachimbo. Os 154 tripulantes e passageiros morreram.

O piloto do Legacy conseguiu fazer pouso de emergência na Base do Cachimbo. O laudo apontou duas causas para o acidente: erro do controlador e inoperância do aparelho que indica a posição de aviões no Legacy. A Gol não foi culpada.

17/7/2007. Um avião da TAM que tinha partido de Porto Alegre explodiu ao chegar a Congonhas (SP). O piloto não conseguiu frear, ultrapassou o limite da pista e bateu no prédio da TAM e em um posto de gasolina. As 187 pessoas a bordo e outras 12 em solo morreram.

O laudo apontou que houve erro do piloto, além de falta de infraestrutura aeroportuária, ausência de ranhuras na pista e excesso de autonomia dos computadores do avião.

29/11/2016. O avião que levava a delegação da equipe de futebol da Chapecoense e jornalistas para a final da Copa Sul-Americana, na Colômbia, caiu no Cerro Gordo, área de mata a apenas 30 km do aeroporto de Medellín. O laudo apontou falta de combustível por erro de planejamento. 71 pessoas morreram. 6 sobreviveram.

Alguns acidentes não deixam um número muito grande de vítimas mas têm grande repercussão. É o caso da queda do avião que matou a cantora Marília Mendonça.

Foi em 5/11/2021. A cantora chegou a postar fotos nas redes sociais mostrando o embarque e a alimentação já dentro da aeronave. Marília tinha 26 anos e estava no auge da carreira.

O avião caiu em Piedade de Caratinga, Minas Gerais. Além da cantora, morreram 4 pessoas: o piloto Geraldo Medeiros, o copiloto Tarciso Viana, o produtor Henrique Ribeiro e o tio e assessor da cantora, Abicieli Silveira Dias Filho.

A investigação concluiu que a responsabilidade pelo acidenge foi do piloto e do co-piloto. Segundo a apuração, antes do acidente eles não fizeram contato com outros profissionais para o pouso no aeródromo. E não estudaram a região, onde havia uma torre de alta tensão na qual o avião bateu.

Como os dois morreram e não poderiam responder a processo, o caso foi arquivado. Advogado da família declarou que a tese da investigação não tinha fundamento e abalava a imagem do comandante e de seu auxiliar.