Você sabia que existe um animal que já foi "extinto" duas vezes na história? Conheça o bucardo (ou íbex-dos-Pireneus).
Declarado extinto em 2000, o bucardo tornou-se o primeiro animal oficialmente extinto a ser clonado com sucesso.
A morte do último indivíduo marcou oficialmente sua extinção no início do século 21.
Preocupados com a iminente perda, cientistas agiram rapidamente para coletar e preservar amostras da pele do animal em nitrogênio líquido.
O objetivo era ousado: reviver uma espécie desaparecida utilizando técnicas avançadas de clonagem.
A pesquisa foi conduzida por equipes da Espanha e da França, que empregaram a transferência nuclear de células somáticas (TNCS) — a mesma técnica utilizada no caso da ovelha Dolly.
Centenas de embriões clonados foram produzidos durante o experimento, mas apenas um conseguiu chegar ao fim da gestação.
Em julho de 2003, uma cabra doméstica serviu como mãe de aluguel e deu à luz o filhote clonado por meio de uma cesariana.
Apesar de ter vindo ao mundo com vida, o animal apresentava dificuldades respiratórias e faleceu poucos minutos após o nascimento.
A necropsia indicou que a causa da morte foi uma deformidade nos pulmões, o que comprometeu a oxigenação.
"O DNA nuclear confirmou que o clone era geneticamente idêntico às células doadoras do bucardo", relatou um estudo publicado no ScienceDirect.
"Todos os órgãos pareciam normais, exceto os pulmões", destacou outro trecho da publicação.
Mesmo com o insucesso, o experimento marcou a primeira clonagem de uma espécie extinta, abrindo caminho para pesquisas em conservação genética, como projetos recentes com o lobo terrível.
O bucardo, porém, entrou para a história como o único animal "extinto duas vezes": pela ação humana e, depois, pela ciência.
O bucardo foi uma subespécie de cabra-selvagem que habitava as montanhas dos Pireneus, entre a França e a Espanha.
Era um animal robusto, adaptado ao clima montanhoso, com chifres grandes e curvados, especialmente nos machos, que podiam atingir até um metro de comprimento.
O bucardo era uma das quatro subespécies de íbex ibérico, mas tornou-se extremamente raro ao longo do século 20, principalmente devido à caça excessiva e à perda de habitat.
O último bucardo conhecido, uma fêmea chamada Celia, morreu em 6 de janeiro de 2000, quando uma árvore caiu sobre ela no Parque Nacional de Ordesa y Monte Perdido, na Espanha.