Pouca gente sabe, mas o único castelo medieval das Américas fica localizado no Brasil, mais especificamente na Mata de São João, Bahia.
Trata-se do Castelo Garcia D’Ávila, uma das construções históricas mais antigas do Brasil.
Erguido entre 1551 e 1624, o monumento foi inicialmente uma fortificação portuguesa.
Por ficar no alto da Colina de Tatuapara, o castelo era a primeira barreira contra invasões estrangeiras no litoral brasileiro.
Ao longo dos anos, dez gerações viveram no castelo, que também funcionou como posto de defesa contra franceses e holandeses.
Posteriormente, ele se tornou a sede de um dos maiores latifúndios do período colonial.
O castelo foi tombado pelo Iphan em 1937 e hoje integra o Parque Histórico e Cultural Garcia D’Ávila.
O complexo é aberto à visitação e permite o acesso às ruínas, masmorras e túneis subterrâneos do castelo.
Além disso, o parque reúne exposições ao ar livre, com peças arqueológicas indígenas, africanas e portuguesas.
Em 2020, o local ganhou um museu interativo e um espetáculo de vídeo mapping noturno, que recria momentos históricos através de projeções em cores.
O castelo virou um símbolo da luta pela Independência do Brasil na Bahia, especialmente nas batalhas de 2 de Julho de 1823.
Durante o conflito, o castelo serviu de abrigo para centenas de indígenas Tupinambá, que atuaram como tropas revolucionárias contra os portugueses.
No século 19, o local tornou-se base para o Visconde de Pirajá, que liderou estratégias decisivas contra as tropas lusitanas.
Segundo o historiador Diego Copque, o protagonismo popular, sobretudo de indígenas, negros, mestiços e escravizados, foi essencial para a vitória brasileira.
Muitos dos combatentes acreditavam que a independência traria liberdade, o que não se concretizou, mantendo desigualdades sociais e raciais.
As visitas ao castelo podem ser feitas de quarta a domingo, das 10 às quatro e meia da tarde.
O ingresso custa R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), sendo gratuito para moradores de Mata de São João e crianças de até cinco anos.