Olhos D'Água, distrito de Alexânia, Goiás, é um lugar onde história e natureza se encontram. Atravessado pela linha imaginária do Tratado de Tordesilhas, guarda uma curiosidade geográfica única. Com arquitetura barroca, artesanato e cachoeiras exuberantes, encanta quem desacelera. É um convite ao turismo de prosa, de olhar nos olhos e sentir o tempo passar devagar.

A linha do Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha em 1494, passa por Olhos D'Água, segundo o historiador Paulo Bertran em seu livro sobre o Planalto Central. Essa curiosidade está registrada na parede do Bar Museu, em frente à Praça Santo Antônio. É um ponto de encontro entre geografia, história e identidade local.

Olhos D'Água está a apenas 120 quilômetros de Goiânia, mas parece pertencer a outro tempo. Suas ruas de pedra e casas coloridas revelam uma arquitetura barroca preservada. Colonial e rústico, o vilarejo encanta pela simplicidade e beleza dos detalhes. Cada fachada conta uma história, cada janela guarda memórias.

O turismo em Olhos D'Água é feito com calma, conversa e acolhimento. Visitantes recebem mapas para explorar os ateliês e casas dos artesãos locais. É possível conhecer trabalhos em cestaria, cerâmica e bordado, tudo feito à mão. A experiência, portanto, é sensorial, afetiva e profundamente humana.

A Cachoeira do Ouro é um dos tesouros naturais do distrito. Com águas cristalinas e vegetação exuberante, é refúgio para quem busca paz. Moradores, aliás, acolhem os visitantes com simpatia e histórias da região. É o tipo de lugar onde a natureza e a cultura caminham juntas.

A Feira do Troca é um dos eventos mais esperados do ano em Olhos D'Água. Ocorre em junho e dezembro, reunindo artesãos, músicos e moradores.

A feira é mais que comércio: é celebração da troca de saberes e afetos. Produtos artesanais, comidas típicas e apresentações culturais animam o vilarejo. É um momento de reencontro entre gerações e valorização da cultura local. Tudo acontece com leveza, como uma conversa entre vizinhos.

O Memorial Olhos D'Água conta a história do distrito com sensibilidade e profundidade. Criado em 2018, reúne documentos, fotos e objetos que narram a trajetória da comunidade. O museu é fruto de uma promessa feita por Dona Sebastiana, filha de ex-escravizados. Ela sonhava com uma capela dedicada a Santo Antônio — e realizou esse sonho.

A união de dois fazendeiros, Geminiano e Juvenal, tornou possível a construção da capela. Esse gesto marcou o início da formação do vilarejo como comunidade organizada. A fé e a solidariedade estão na raiz da história de Olhos D'Água. O museu preserva essa memória com carinho e respeito.

O documentário produzido pelo Memorial está disponível na internet. Ele narra desde a emancipação até a integração ao município de Alexânia. Com depoimentos de moradores e imagens da região, emociona e informa. É uma forma, portanto, de manter viva a história e compartilhar com o mundo.

Olhos D'Água é um destino para quem busca mais que paisagens: busca sentido. A arquitetura barroca, com suas curvas e cores, revela a alma do lugar. Cada casa tem um toque único, feito por mãos que conhecem o tempo. É arte viva, moldada pela história e pelo cotidiano.

Os ateliês são espaços de criação e acolhimento. Artesãos abrem suas portas para mostrar técnicas e contar histórias. O visitante aprende sobre cestaria, bordado e escultura com quem vive o ofício. É uma troca genuína, onde o saber circula com afeto.

O turismo em Olhos D'Água é chamado de “olho no olho”. Não há pressa, não há roteiro rígido — há encontros e descobertas. A prosa é parte da experiência, e cada conversa revela um pedaço da vila. É um convite a desacelerar e se conectar com o essencial.

A natureza em torno do vilarejo é generosa e preservada. Além da Cachoeira do Ouro, há trilhas e mirantes com vistas encantadoras. O som da água e o canto dos pássaros compõem a trilha sonora local. É um cenário perfeito para contemplação e descanso.

A comunidade valoriza a sustentabilidade e o cuidado com o meio ambiente. Práticas como reciclagem, cultivo orgânico e preservação das nascentes são comuns. O respeito à terra é parte da cultura e da espiritualidade local. Tudo é feito com consciência e amor pelo território.

A religiosidade tem papel central na vida do vilarejo. A capela de Santo Antônio é ponto de fé e celebração. Assim, festas religiosas reúnem moradores e visitantes em clima de devoção. A fé é vivida com simplicidade e profundidade.

A linha do Tratado de Tordesilhas é mais que uma curiosidade geográfica. Ela simboliza a conexão entre passado e presente, entre o mundo e o vilarejo. Estar em Olhos D'Água é pisar em um território que carrega história global. É um ponto onde o mapa e a memória se encontram.

O Bar Museu é um espaço curioso e cheio de personalidade. Além da citação ao Tratado, guarda objetos antigos e histórias locais. É um lugar para tomar um café, ouvir causos e aprender com os moradores. A parede do bar, aliás, é quase um livro aberto sobre o vilarejo.

Já a Praça Santo Antônio é o coração da vila. Ali ocorrem encontros, festas e momentos de descanso sob as árvores. É ponto de partida para explorar o vilarejo e conhecer seus encantos. Tudo gira em torno da praça, como em um abraço coletivo.

Olhos D'Água é exemplo de como a história pode ser vivida no cotidiano. Cada canto guarda uma lembrança, cada pessoa é guardiã de saberes. O vilarejo mostra que o tempo não precisa correr; pode caminhar. E que a beleza está nos detalhes e nas relações humanas.

Conhecer Olhos D'Água é mergulhar em um Brasil profundo, sensível e surpreendente. Entre muralhas invisíveis e cachoeiras reais, o vilarejo revela sua alma generosa. É um lugar onde o passado conversa com o presente, e o turista vira amigo. Quem visita, leva na bagagem mais que lembranças — leva histórias para contar.